sábado, 8 de outubro de 2011

Psicossoma: A Relação Mente-Corpo e a Física Quântica

Nós, seres humanos, somos as únicas criaturas no planeta que podem modificar a própria biologia, atráves dos nossos pensamentos, sentimentos, emoções e intenções.
As nossas células estão constantemente espionando nossos pensamentos e simultaneamente sendo modificadas por eles. Observe um exemplo prático disso: - quando nos apaixonamos, pensamentos e emoções positivas nos tomam de assalto, percorrendo nosso corpo e mente, fortalecendo nosso sistema imunológico. Por outro lado, quando somos tomados por pensamentos sombrios e sentimentos depressivos, originados pelo ódio, raiva ou mágoa, ficamos muito mais vulneráveis a doenças.
Ao longo das últimas três décadas, vários estudos científicos consolidados dão conta que nada tem mais poder no corpo do que as crenças da mente. Esta é a visão de mundo quântica, que nos ensina que todos nós somos parte de um campo infinito de inteligência - a fonte de nossos pensamentos, mente, corpo e tudo o mais que existe no universo. Este paradgma, que tem conquistado aceitação crescente no mundo da medicina ocidental moderna, se baseia nas dez seguintes concepções:
1. - O mundo físico, incluindo o  nosso corpo é apenas um reflexo de nossas percepções, pensamentos e sentimentos.  Não há nenhuma realidade objetiva "lá fora" que seja independente do observador. Pelo contrário, nós criamos nossos corpos conforme vamos criando nossa experiência de mundo. (Lembra do filme "MATRIX"? ... é por aí, por mais estranho que pareça, rsrsrs!)
2. - Apesar do corpo físico parecer matéria sólida, ele é, na verdade, composto por energia e informação.    Os físicos quânticos afirmam  que todo átomo é 99.999 % espaço vazio, e as partículas subatômicas  que estão lá neste espaço, se movendo à velocidade da luz, são pacotes de energia vibrante. Essas vibrações não são aleatórias ou caóticas, elas são condutoras de informações ao longo de padrões específicos.
3. - Mente e corpo são inseparáveis. Existe somente somente uma única inteligência criativa que expressa a si própria como nossos pensamentos - assim como às moléculas das nossas células, tecidos e órgãos.
4. A nossa consciência;cria a bioquímica de nosso corpo.  As   nossas crenças, pensamentos e emoções direcionam as reações químicas que ocorrem em cada célula do nosso corpo.
5. -  Percepção é um fenômeno aprendido. A maneira como experimentamos nosso mundo e o nosso corpo é um comportamento aprendido. Mudando as nossas percepções, nós podemos mudar a experiência de nosso corpo e mundo.
6. - A todo momento, impulsos de inteligência estão criando nosso corpo. Modificando os padrões desses impulsos, nós podemos nos modificar também.
7. - Apesar de que, para a nossa mente-ego, nós parecermos separados e independentes, todos nós somos parte de uma inteligência universal que governa o mundo. O termo inteligência universal é utilizado por alguns autores que o veem como organização ou ordem do universo.
8. - O tempo não é absoluto. O que chamamos de tempo linear é simplesmente um reflexo de como percebemos as mudanças. Na verdade, o tempo é eterno e imutável. Se começarmos a perceber seu caráter de imutabilidade, o tempo, como o conhecemos, deixará de existir e iremos experienciar a imortalidade.
9.- A nossa natureza essencial é puro ser. Embora estejamos acostumados a nos ver e perceber como personalidade, ego e corpo, o nosso verdadeiro "Self " (si-mesmo) é terno e ilimitado.
10. - Já que nossa verdadeira essênncia é imortal e imutável, nós não precisamos ser vítimas do envelhecimento, doença e morte.   Esses eventos são causados pelas lacunas de nosso auto-conhecimento e pela ilusão antiga de que nossos corpos são materiais. De acordo com os ensinamentos da ciência Ayurvédica, qualquer desordem pode ser prevenida se mantermos o equilíbrio em nosso corpo, mente e espírito que são um só.
O que descrevi acima podem parecer, a primeira vista, concepções complexas  e fantásticas. Mas, na verdade, não são.  São muito simples e estão fundamentadas  nas descobertas da moderna física quântica.  Assim, eu gostaria de encoraja-lo(a)  a perceber que você é muito mais que seu limitado corpo, ego e personalidade. Em um nível mais profundo, o seu corpo é terno e a sua mente é atemporal. Uma vez que você se identifique com esta realidade, você tem liberdade ilimitada  para criar uma saúde melhor, bem estar, alegria ou qualquer outra coisa que você deseje em sua vida.
PAZ E BEM ! 

domingo, 1 de maio de 2011

RELAÇÃO HOMEM-TRABALHO

Certa vez, perguntaram a Sigmund Freud o que uma pessoa normal deveria ser capaz de fazer bem... Ele teria dito "Lieben und Arbeiten" (Amar e trabalhar). Freud acreditava que é por intermédio da família que as necessidades relacionadas ao amor são gratificadas, e que o trabalho tem um efeito tão mais poderoso do que qualquer outro vínculo de ancorar uma pessoa à realidade.
Então, sob essa égide, Feliz Primeiro de Maio, Dia do Trabalho, a todos!

sexta-feira, 29 de abril de 2011

DINHEIRO: Quem controla quem?

Por mais que tenhamos um impulso teimoso de responder “claro que não”, o mais provável é que a verdadeira resposta seja “sim”. Talvez você seja uma daquelas pessoas, típico brasileiro, que reza pelo mantra do “sou pobre mas sou feliz” e torce o nariz para idéias relacionadas à geração de renda como se o interesse pelo dinheiro fosse coisa de gente avarenta e mesquinha. Ou talvez você seja uma pessoa aberta a tudo o que diz respeito ao dinheiro, mas que mesmo assim não consegue manter a cabeça fora d’água. De um jeito ou de outro, o dinheiro provavelmente controla sua vida muito mais do que você imagina (ou deseja).
De uma forma básica, o dinheiro controla a vida de todo mundo, pois não é possível viver sem ele, quer você goste disso ou não. Sua opinião pouco influencia o preço dos produtos e serviços de que você precisa para sobreviver, não é verdade? É possível, entretanto, alcançar um patamar financeiro em que você pode se sentir mais livre do dinheiro, aproveitando mais a sua vida, sem o stress de ter que batalhar para pagar contas. A ironia é que para chegar lá você precisa ser uma pessoa interessada em dinheiro!
Não conheço uma pessoa que não tenha desejos de consumo, mesmo que seja uma viagem turística com a família, um jantar num restaurante famoso (e caro) ou simplesmente mais tranqüilidade financeira na vida (sim, isso é sonho de consumo!). A tendência natural do ser humano é desejar “coisas” para si e para seus entes queridos e essas coisas, sejam bens materiais ou serviços, custam dinheiro. É por esse motivo que o sistema socialista nunca funcionou (sem opressão) em nenhum lugar do mundo. A idéia fantasiosa de que todos devem dividir tudo e ninguém deve ter bens pessoais só funciona na teoria. Na prática, o ser humano é um bicho egoísta, invejoso e vaidoso (sim, você também!). Mesmo que você não deseje ser milionário, mesmo que você não pense em dinheiro o tempo todo, mesmo que você seja uma boa pessoa, caridosa, etc. que não coloca o dinheiro em primeiro lugar, você tem um capitalista dentro de você e o dinheiro ocupa, sim, uma certa posição (que pode não ser a primeira, mas ainda assim está lá!) dentro de você.
Isso não faz de você uma má pessoa. Dinheiro é o meio de troca que temos na vida para conseguirmos o que queremos e o que precisamos. O fato de que alguns exageram nos desejos e nos impulsos para conseguir dinheiro não faz de você um santinho que não precisa de dinheiro pra nada! No final das contas, se você não está onde gostaria de estar financeiramente, ou seja, se você não sente a segurança de que precisa, se você mantém uma atividade profissional que não manteria se dinheiro não fosse problema, se você faz escolhas difíceis ligadas ao dinheiro, não tem jeito, ele controla sua vida, sim, por mais que você desejasse que não.
A solução, como eu disse, é acabar com esse preconceito bobo (se for o seu caso) e passar a gostar mais de dinheiro. Percebo que muitas vezes o preconceito vem da cultura ou mesmo da própria infância e a pessoa nem sequer percebe. Muitos dos que dizem estar abertos ao dinheiro mantêm preconceitos inconscientes escondidos lá no fundo da mente inconsciente. Essas idéias, muitas vezes, são absorvidas desde a infância do próprio meio e no Brasil há uma postura generalizada de aversão, talvez não ao dinheiro em si, mas à idéia de “fazer dinheiro”, que é vista quase como uma coisa vergonhosa, suja. A forte influência religiosa no Brasil pesa muito culturalmente com noções generalizadas contra os ricos e uma idolatração tola da pobreza. “Rico é avarento”, “rico é infeliz”, “dinheiro não traz felicidade”, “sou pobre, mas sou feliz”, enfim, todas essas frases que permeiam a cultura brasileira e mesmo inconscientemente fazem parte do pensamento do brasileiro.
Com freqüência vejo meus leitores referirem-se ao dinheiro timidamente, como se desejar fazer muito dinheiro fosse algo extremamente vergonhoso. Vejo coisas do tipo: “Não quero ser rico, não, só quero melhorar um pouquinho de vida”, “Jamais iria para fora do país como você fez para perseguir metas profissionais, mas quero ter um pouquinho de tranqüilidade financeira” ou ainda “Só quero conseguir pagar minhas contas sem me preocupar, mas riqueza, não quero, não”. Há um senso generalizado de que desejar riqueza “é feio”, de que a pessoa que diz com todas as letras que deseja ser rico é daquelas que “só pensa em dinheiro” e provavelmente “deve ser” avarenta, mesquinha, egoísta e por aí vai. A pessoa, então, precisa deixar bem claro para todos ouvirem que “ela não quer ser rica não, tá?” ela “só quer um pouquinho mais de dinheiro… mas não muito, viu?”!
Algo que percebo, porém, é que aqueles que têm essa postura de ter vergonha do dinheiro, de dizer que “só quer” isso ou aquilo mas não quer muito geralmente não consegue nada! Isso tem a ver com a motivação (e isso a psicologia explica!), mas é tão complexo que será assunto para outro artigo! O fato é que aquele que pouco deseja não consegue nem esse pouco, simplesmente não consegue nada...
Então, se você quer ter o privilégio de dizer que não, o dinheiro não controla sua vida justamente porque você tem tanto que nem precisa se preocupar com ele, o caminho é adotar uma postura positiva com relação à geração de renda, não ter vergonha de dizer que quer ficar rico e não ter preconceitos contra quem já é. Por mais básico que seja esse pensamento, ele funciona. A partir daí é claro, cabe a você encontrar uma forma de geração de renda que lhe permita um gap maior entre o que você ganha e o que você gasta para que você possa se sentir seguro e dizer com firmeza que o dinheiro não controla sua vida, você é quem o controla.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Psicanálise dos Contos de Fadas - Chapeuzinho Vermelho ou a violência sexual infantil no mundo de hoje

A Infância e suas ânsias

"- Para que essas olhos tão grandes? - Pra te ver melhor...

- E essas orelhas tão grandes? - pra te escutar melhor, querida...

- E essa boca enorme? é pra te comer melhor, minha netinha...

E o Lobo a devorou..."

Charles Perrault compilou esta história do ideário de uma aldeia francesa no sec. XVII. Não existe um final feliz, nem um moral da história, talvez exista apenas um modo de proteger o universo infantil de um irremediável contato precoce com a própria sexualidade. A paixão pela fantasia sempre começa muito cedo. A psicanálise sente-se a vontade no terreno das narrativas, afinal, trocando em miúdos, uma vida é uma história, e o que contamos dela, é sempre algum tipo de ficção.

Os lobos continuam a solta, seja na pele de figuras parentais da tenra infância, seja na adolescência, ou mesmo na idade adulta do universo feminino, sob a forma traumática de abuso, assédio sexual, estupros, atentando violento ao pudor, não importa o crime, mas o impacto que dilacera. Chapeuzinho olha para o lobo, fixamente, entre intrigada e fascinada, hipnotizada. Há uma mútua sedução implicita. O que seduz a menina não é a beleza do lobo, são suas segundas intenções...

Um abismo separa um pedófilo da capacidade de compreensão da criança de quem ele se aproveita. Infelizmente, para as vítimas desse crime, é justamente essa inocência curiosa que seduz o abusador: o contraste entre a condição adulta de seu propósito e a infantilidade da vítima.

A moral da história, é tão breve quanto o conto infantil; não se deve ser desobediente e não se deve buscar nada com pessoas más... sabendo-se qual é o perigo e onde fica, o mundo se torna mais previsível e mais tranquilo... mas às vezes o perigo mora perto, em casa, no colégio,no play ground, na calçada...
Entre as tantas interpretações possíveis da história de Chapeuzinho Vermelho, pode-se pensar que ela seja alusiva ao potencial de sedução contido nas relações com os adultos. Sendo assim, é natural que estes, vividos até então, como protetores, revelem seu lado obscuro: alguém que segue sendo o mesmo, mas que mostra sua face selvagem. O LOBO é, em definitivo, essa versão do perigo doméstico, uma prova de que o papai bonzinho (ou o tio, irmão, parente ou amigo próximo), que deveria amar e proteger, pode tornar-se uma figura ameaçadora e temível.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

A CRISE DO MASCULINO

Ora vejam só, o macho está em crise...
Estudos psicanalíticos recentes mostram que a obrigação de se enquadrar na imagem de super-herói tem sido, na verdade, a grande fonte de angústia masculina. O fardo da onipotência vem sendo carregado pelos homens através dos séculos, mas, nos dias atuais, o assim chamado sexo forte já não pode mais ser considerado como tal. Especialistas na área do masculino, como, por exemplo, Cuschnir e Trobisch, opinam que o homem é, na verdade, mais frágil que a mulher tanto em relação à sua saúde física quanto psíquica. A cada dia surgem estudos alertando para a deterioração psíquica masculina, uma dor que pode ser traduzida em números. O sexo masculino lidera as estatísticas mundiais de suicídio, de mortes violentas, de envolvimento com álcool. Nosso noticiário nacional superlativiza os fatos, que são endossados pelos dados do Ministério da Saúde revelando que, dos 6.985 suicídios ocorridos no Brasil em 2010, 5.530 (ou seja: nada menos do que 4/5!) foram cometidos por homens. Além disso, eles vivem, em média, dez anos menos que as mulheres e também são mais acometidos por doenças cardiovasculares, crises de hipertensão, diabetes e obesidade.
O homem mais frágil que a mulher?! Essa pode ser, sem dúvida, uma afirmação revolucionária para os homens, ou pelo menos para todos os que estão acostumados a viver segundo as leis do patriarcado, sem jamais questioná-las. O fato de não estar consciente de ser, na verdade, sob certas perspectivas, mais frágil que a mulher é possivelmente a fonte maior da angústia masculina. A conscientização da sua fragilidade, entre outras através da desconstrução dos seus mitos patriarcais, ajudaria o homem a encarar seus medos com maior naturalidade, baixando assim o nível da sua angústia.
O momento histórico para essa conscientização mais do que necessária e a auto-reflexão do homem no tocante à sua própria identidade e o significado real do seu papel na sociedade foi criado indiretamente pelo movimento feminista da década de 70 do século passado. Esse movimento da emancipação feminina nas várias áreas da sociedade foi de suma importância para a libertação e para o resgate do valor da mulher, escravizada duramente ao longo da história por um patriarcado quase sempre violento, tanto em termos psicológicos como físicos. E, assim, no fluxo dessa libertação da mulher, o homem acabou sendo confrontado consigo mesmo, precisando repensar o seu próprio ser, as origens da sua angústia e os possíveis rumos a tomar daqui para a frente.


Myriam Queiroz
Psicóloga Clínica
e Psicanalista em formação
CRP. 01.11221

sábado, 16 de abril de 2011

Narciso acha feio o que não é espelho



             O narcisismo é um conceito psicanalítico criado por Sigmund Freud, que adotou o termo a partir do mito  grego de Narciso. A origem da palavra Narciso, do grego Narkissos, vem de narkes, que significa entorpecimento, torpor, inconsciência. A palavra  narcótica é derivada  e indica qualquer substância que produza alteração dos sentidos, gerando narcose.
            Faz-se correlação ao termo, também com a flor denominada narciso, bela e solitária, que nasce na beira dos rios, cuja existência é frágil e efêmera.
O narcisismo, cujo nome Freud tomou de empréstimo ao mito grego de Narciso, o jovem que enamorou-se de sua própria imagem espelhada na superfície de um lago, ficou associado, em nossa cultura, à idéia de vaidade que seria, dentre os sete pecados capitais, o mais grave, pois  todos os outros derivariam deste.
Conforme o mito explicita, a idéia de narcisismo está vinculada à questão da imagem e esta, por sua vez, à noção de identidade. A imagem corporal é o primeiro esboço sobre o qual irão se desenhar, posteriormente, as identificações constitutivas da personalidade. 
           Assim sendo, ao abordarmos o tema do narcisismo, não podemos deixar de fazer uma reflexão acerca da função primordial da imagem no mundo contemporâneo, motivo pelo qual alguns teóricos enfatizam que vivemos no interior de uma cultura do narcisismo, entendendo-se por isto, uma cultura voltada para a imagem e para o individualismo.
Lembramos de um comercial que dizia: imagem é nada, sede é tudo. Obedeça sua sede, beba o refrigerante que você deseja.” O que se pode depreender desta palavra de órdem? Obedeça a sua sede, sua pulsão, seu desejo e não àquilo que um outro refrigerante  promete fazer por sua imagem.É tão grande o poder da imagem em nossa cultura midiática, que o sucesso do referido comercial decorre da estratégia de utilizar a antítese, imagem é nada, para antagonizar seus concorrentes que afirmam: imagem é tudo.
Vemos então, que os  conceitos de narcisismo, ego e identidade encontram-se estreitamente ligados. É pelo olhar do outro, especialmente este outro materno que encarna todas as nossas possibilidades de satisfação, prazer e segurança, que aprendemos a saber quem somos. Se o olhar deste Outro brilha por nós e se em algum momento pudermos nos sentir capazes de preencher  este Outro de alegria, estaremos constituindo nosso amor próprio, aprendendo a ler no espelho do olhar do Outro, que nossa existência vale a pena e tem um sentido, nem que este sentido seja, num primeiro momento, preencher os anseios deste outro que significa tudo para nós, condição mesma de nossa existência. Mas não podemos parar por aí, estancando neste lugar de colagem onde nosso desejo não se distingue nem se diferencia, mas, ao contrário, se reduz ao desejo do Outro.
            Falar do conceito freudiano que versa sobre o narcisismo, e logo sobre a imagem,   é oportuno, para ilustrar a polêmica criada  pelos impropérios  lançados ao mundo, por Rafinha Bastos, standuper do CQC, através da net,  denegrindo a imagem e a dignidade dos rondonienses.
           Chamou-nos de feios e de filhos do Diabo...  Ora, isto feriu de morte o narcisismo de nosso povo, que também xingou,  ofendeu,  falou até em  impetrar ação civil pública junto ao MPF, para punir o  humorista, pelo dito maldito!
           Eis aqui então, Narciso que somos, diante da mais viciosa das dependências: a da sempiterna aprovação e confirmação pelo outro, seja pela auto-imagem de si mesmo ou pelo testemunho externo,  daquele que nós  gostaríamos de  ser. Negação de nós mesmos,  incurável ingratidão....
          Esse outro,  Rafinha Bastos  defendeu-se, dizendo  que   todos  estão ao alcance dos tentáculos  dos chistes do humor...  Assim como ele disse que rondoniense é feio, há muito se diz que carioca é malandro,  paulista  é workholic, baiano é preguiçoso,  mineiro é sacana, gaúcho é viado,  e muitos outros estados que  tem seu estereótipo mimeografado no ideário nacional. Defendeu-se dizendo que fazer graça com os defeitinhos dos outros é o que garante o mote e o ganha-pão de seu ofício: fazer rir!
           Talvez ainda estejamos em infimo desenvolvimento psicossocial... Não suportamos a ferida narcísica! Pois bem, a dialética promovida em torno da polêmica foi bemvinda, reforçou nosso sentimento de "pertença", de recomposição de autoimagem lacerada, houve aí uma necessidade de aceitação,o querer ser aprovado pelo mundo, estar sempre agradando.., . assim, sem mais delongas, para não querer massagear mais o ego de quem que seja,  termino,  parafraseando Caetano Veloso:
"Quando te encarei frente a frente,
não vi o teu rosto,
chamei de mau-gosto o que vi,
de mau-gosto, mau-gosto,
é que Narciso acha feio o que
não é espelho"...

Myriam Queiroz
Psicóloga Clínica
CRP. 01-11.221