quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

O MITO DE DEMÉTER E PERSÉFONE (OU O MEDO DE AMADURECER)

1 - O MITO:

No Olimpo ( lugar onde moravam os deuses ) Deméter se casa com Zeus e geram Core (a jovem). Um dia, Core estava brincando em Elêusis (lugar onde moram os mortais) e vê uma flor de Narciso pela qual ela fica encantada e acaba cheirando esta flor. Ao cheirar a flor, Core fica tonta (NARCISO=NARKÉ=Narcótico) então a terra se abre e Plutão, vem numa carruagem para raptar Core e leva-la para o Hades ( mundo dos mortos), pois Plutão se apaixonou por ela.
Deméter sente a falta de sua filha e fica louca a sua procura. Com isto Deméter (Mãe Terra) sai do Olimpo e vai em busca de sua filha pelo mundo inteiro. Durante nove dias e nove noites a deusa fica a procurar sua filha sem nenhuma pista. Enquanto Deméter está a procura de sua filha a terra fica sem vegetação e sem fertilidade.
No décimo dia Hélio (deus do sol), diz a Deméter que viu Core ser seqüestrada em Elêusis, por Plutão. Com isto, Deméter se transforma em uma ama e vai conhecer Céleo e Metanira, que são reis de Elêusis , e cuida do filho do casal ( Demofonte ). Deméter decide transformar Demofonte em deus , para adotá-lo, levando ele ao fogo para sua purificação, mas sua mãe descobre e impede este processo, com um grito.
Deméter diz que só volta ao Olimpo quando encontrar sua filha e pede a Zeus que a encontre para ela. Este manda Hermes, o deus do caduceu de ouro, ir para Hades e convencer Plutão a devolver a filha de Deméter. Então Hermes convence ao irmão de Zeus a devolver Perséfone, mas este dá uma romã para ela comer. Deméter vai ao encontro de Core e ao abraça-la Deméter sente sua filha diferente e pergunta se ela comeu algo em Hades. Core diz que comeu uma romã e por causa disso ela terá que passar um terço do ano em Hades . Com isto Core se transforma em Perséfone, que é esposa de Plutão.
Antes de voltar ao Olimpo Deméter ensina os seus rituais para Célio e seu filho Triptólemo. No que Deméter, volta ao Olimpo a terra volta a ter vegetação e a ser fértil.
Célio funda os grandes mistérios de Elêusis que faziam parte dos rituais de fertilidade da Grécia no anos 1500 AC até 300 DC. Nestes mistérios, qualquer pessoa que falasse grego poderia participar. Os iniciantes assistiam o mistério que era apresentado pelos sacerdotes. No final do mistério acontece a " GRANDE VISÃO " que era apresentada a espiga de milho, que simboliza a fertilidade. Depois de assistir ao mistério não se podia falar de nada do que aconteceu ou a pessoa seria desmentida.
dantes de se passar para os grandes mistérios tinha que se passar pelos pequenos mistérios e a ponte de Guéfria, onde se falava vários palavrões até chegar aos grandes mistérios.

2 - INTERPRETAÇÃO DO MITO:

Antes de amplificar este mito eu darei o significado dos principais deuses do mito (Deméter, Perséfone e Plutão).
Deméter significa " a mãe-terra ". Esta deusa simboliza um excesso de proteção. Ela traz em si o dom da empatia, compreensão emocional e física,das necessidades da pessoa. Tem a tendência de tratar dos outros como se fossem seus filhos e sua preocupação principal está centrada na família. Deméter é regida por Eros(amor), o não-verbal, saciando as necessidades de seus filhos e tem como principio, o corpo e o tudo que é material. Em síntese, Deméter representa o arquétipo da mãe.
Perséfone é a rainha do mundo dos espíritos, onde existe o que há de mais profundo no psiquismo humano. Ela vive no Hades e entra em contato com os conteúdos reprimidos, habitando numa fase profunda do inconsciente.
Plutão é o rei do Hades. Com isto ele rege o mundo inconsciente e as riquezas interiores. Sua missão é conduzir as pessoas para o caminho do auto-conhecimento e a integração,levando-as ao seu processo de individuação. Este deus é regido pelo Logos ( leis e limites ), ética, principio espiritual, tudo aquilo que é voltado ao verbal e ao auto-conhecimento. Plutão representa o arquétipo do pai.
Podemos amplificar este mito com a fase inicial do desenvolvimento do homem.
No inicio, quando Core ainda era um feto havia uma simbiose entre Deméter e Core. Nesta fase, Jung(psicólogo humanista, discípulo de Freud) se refere ao termo "URÓBOROS" onde temos como símbolo a serpente que morde a própria cauda e simboliza o inicio da vida. No Uróboros o feto vive em equilíbrio e totalidade. O corpo da mãe e da criança se misturam onde não podemos definir um e outro.
Quando a criança nasce, nós não conhecemos todas as forças que se entrelaçam, cercam e enredam os relacionamentos entre mãe e o bebê pequeno. Só a mulher tem o dom da fertilidade, dando a luz e a vida a um novo ser. O mesmo acontece entre Deméter e Core. A menina tinha o amor, a proteção e a satisfação das suas necessidades que só a Grande Mãe podia proporcionar à sua filha. Com isto, não só Core mas todas as crianças pequenas vivem no Olimpo, ou seja "O paraíso da infância ", que simboliza a consciência. Nesta fase, o bebê assume uma posição horizontal vivenciando o arquétipo da mãe que foi representado no mito por Deméter, "A MÃE-TERRA".
Quando Core cheira a flor de narciso, ela fica tonta e desta forma é seqüestrada por Plutão. Com isto, a flor de narciso simboliza uma armadilha para que Core seja raptada.
Este rapto está relacionado a primeira experiência sexual onde Core sai do "paraíso da infância " para entrar em contato com o mundo dos mortos
( ou o seu inconsciente). Com este rapto Core (a jovem), se transforma em Perséfone (a mulher) que é a esposa de Plutão e rainha do inferno. Por ser rainha do inconsciente, ela lida com o que mais tememos e reprimimos. Se todo esse processo estiver muito aflorado pode até levar a uma psicose. Com isto, Perséfone entra em contato com o arquétipo do pai.
Deméter sente falta de sua filha e pede a Zeus que busque Perséfone. Plutão permite que ela volte a se encontrar com a mãe, mas dá uma semente de romã para ela comer. Esta semente representa simbolicamente a sexualidade e a repressão de Plutão sobre Perséfone. Por causa desta semente, Perséfone fica sempre entre o consciente e o inconsciente.
Este mito é constelado em pessoas com traços infantis sempre precisando de que outras pessoas para tomar as decisões por ela. No caso de Perséfone, ela depende da mãe ou do marido. Desta forma ela não tem maturidade, tendo sempre em si a recusa a crescer. Por isto ela tem medo de assumir sua própria individualidade.

Alguém se identificou com o mito? Não se assustem, isso é muito normal entre nós, mulheres ( ou nos homens, passíveis da mesma situação)...
Amadurecer e crescer emocionalmente quase sempre doi... e muito!

Myriam Queiroz
psicóloga e Psicanalista em formação
CRP. 01/11.221

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

FANATISMO



Tenho me deparado com muitas situações de amigos meus, ex-católicos, que agora são fundamentalistas fanáticos de religiões neo-pentecostais, e olha que são pessoas instruídas, inteligentes, com formação superior. E me pergunto, o que os levou a ficarem assim?

Quando ouvimos a palavra fanatismo, quase imediatamente, formamos a imagem mental de homens e mulheres com turbantes e burcas, apenas com os olhos de fora gritando a plenos pulmões: “Alláh!” – E explodindo-se no meio da multidão.

Puro preconceito. O fanatismo é arraigado no interior do homem desde que esse apareceu sobre a face da terra. Com o advento da religião, seja ela qual for, o fanatismo encontrou um terreno fértil para crescer e amadurecer; escondendo-se das mentes vigilantes por trás de dogmas e práticas aparentemente inocentes.

O muçulmano que se explode em nome de Alláh, o fiel católico que vira a cara ou instila seu ódio para praticantes de outras religiões, o “crente” que chuta imagens de santos ou invade centros de macumba, o umbandista que xinga ou lança maldições aos desafetos espirituais; enfim, todas essas formas de fanatismo estão por aí, bem perto de nós.

Quando o primeiro Neandertal percebeu que, dos pântanos e cavernas onde enterravam seus mortos, algo etéreo e brilhante se desprendia dos mortos e subia aos céus; sua mente, que não conseguia entender que eram apenas gases da decomposição se inflamando em contato com o ar (fogo fátuo), concebeu que aquilo era a centelha divina retornando ao seio do criador. Nascia o conceito de alma, que imediatamente depois, deu origem à idéia de um ser maior controlando tudo e, do qual, poderíamos obter benesses: Deus.

Ao mesmo tempo, ele percebeu que outras tribos ou famílias, que ainda não tinham atentado para esse “mistério”; não acreditavam nisso. Logo, eram inferiores a ele e precisavam ser “orientadas” a reconhecer esses “mistérios”. Quando alguns recusaram e ele foi obrigado a matá-los, pois eram uma ameaça, e obteve apoio para seus atos que, em qualquer outra situação, seriam condenados pela tribo, percebeu que matar em nome de Deus era aceitável. Daí para frente nascia o conceito de “guerra santa”. Desde então, nuca se matou tanto ou se fez tanto mal, quanto “em nome de Deus”.

Seja na baixada fluminense, seja no oriente distante, Deus é usado para inúmeras finalidades. De enriquecer facilmente, parasitando pessoas crédulas e despreparadas, até levar milhões a morrer por uma causa e, com isso, propiciar notoriedade, dinheiro e conforto para uma pequena minoria aproveitadora.

A história está repleta de exemplos de fanáticos que causaram apenas morte e destruição com suas visões distorcidas de Deus. Além da fé e da dedicação, deve sempre haver o bom senso. Deus e o diabo vivem dentro de nós e esse é o real campo de batalha. Antes de seguir, cegamente, o que diz seu padre, seu pastor, seu pai de santo, seu mulá, ou seja lá qual denominação tenha o sacerdote da fé que você professa; tenha em mente e analise se você faria o que ele pede; se fosse um estranho que acabou de encontrar na rua. Deus, mais do que qualquer outra coisa deu-nos um cérebro e inteligência. E, em sua infinita sabedoria, deu meios para que nos desenvolvêssemos e aprendêssemos como usá-los. Não cometa um sacrilégio e nem envergonhe seu Deus: Pense.

sábado, 8 de outubro de 2011

Psicossoma: A Relação Mente-Corpo e a Física Quântica

Nós, seres humanos, somos as únicas criaturas no planeta que podem modificar a própria biologia, atráves dos nossos pensamentos, sentimentos, emoções e intenções.
As nossas células estão constantemente espionando nossos pensamentos e simultaneamente sendo modificadas por eles. Observe um exemplo prático disso: - quando nos apaixonamos, pensamentos e emoções positivas nos tomam de assalto, percorrendo nosso corpo e mente, fortalecendo nosso sistema imunológico. Por outro lado, quando somos tomados por pensamentos sombrios e sentimentos depressivos, originados pelo ódio, raiva ou mágoa, ficamos muito mais vulneráveis a doenças.
Ao longo das últimas três décadas, vários estudos científicos consolidados dão conta que nada tem mais poder no corpo do que as crenças da mente. Esta é a visão de mundo quântica, que nos ensina que todos nós somos parte de um campo infinito de inteligência - a fonte de nossos pensamentos, mente, corpo e tudo o mais que existe no universo. Este paradgma, que tem conquistado aceitação crescente no mundo da medicina ocidental moderna, se baseia nas dez seguintes concepções:
1. - O mundo físico, incluindo o  nosso corpo é apenas um reflexo de nossas percepções, pensamentos e sentimentos.  Não há nenhuma realidade objetiva "lá fora" que seja independente do observador. Pelo contrário, nós criamos nossos corpos conforme vamos criando nossa experiência de mundo. (Lembra do filme "MATRIX"? ... é por aí, por mais estranho que pareça, rsrsrs!)
2. - Apesar do corpo físico parecer matéria sólida, ele é, na verdade, composto por energia e informação.    Os físicos quânticos afirmam  que todo átomo é 99.999 % espaço vazio, e as partículas subatômicas  que estão lá neste espaço, se movendo à velocidade da luz, são pacotes de energia vibrante. Essas vibrações não são aleatórias ou caóticas, elas são condutoras de informações ao longo de padrões específicos.
3. - Mente e corpo são inseparáveis. Existe somente somente uma única inteligência criativa que expressa a si própria como nossos pensamentos - assim como às moléculas das nossas células, tecidos e órgãos.
4. A nossa consciência;cria a bioquímica de nosso corpo.  As   nossas crenças, pensamentos e emoções direcionam as reações químicas que ocorrem em cada célula do nosso corpo.
5. -  Percepção é um fenômeno aprendido. A maneira como experimentamos nosso mundo e o nosso corpo é um comportamento aprendido. Mudando as nossas percepções, nós podemos mudar a experiência de nosso corpo e mundo.
6. - A todo momento, impulsos de inteligência estão criando nosso corpo. Modificando os padrões desses impulsos, nós podemos nos modificar também.
7. - Apesar de que, para a nossa mente-ego, nós parecermos separados e independentes, todos nós somos parte de uma inteligência universal que governa o mundo. O termo inteligência universal é utilizado por alguns autores que o veem como organização ou ordem do universo.
8. - O tempo não é absoluto. O que chamamos de tempo linear é simplesmente um reflexo de como percebemos as mudanças. Na verdade, o tempo é eterno e imutável. Se começarmos a perceber seu caráter de imutabilidade, o tempo, como o conhecemos, deixará de existir e iremos experienciar a imortalidade.
9.- A nossa natureza essencial é puro ser. Embora estejamos acostumados a nos ver e perceber como personalidade, ego e corpo, o nosso verdadeiro "Self " (si-mesmo) é terno e ilimitado.
10. - Já que nossa verdadeira essênncia é imortal e imutável, nós não precisamos ser vítimas do envelhecimento, doença e morte.   Esses eventos são causados pelas lacunas de nosso auto-conhecimento e pela ilusão antiga de que nossos corpos são materiais. De acordo com os ensinamentos da ciência Ayurvédica, qualquer desordem pode ser prevenida se mantermos o equilíbrio em nosso corpo, mente e espírito que são um só.
O que descrevi acima podem parecer, a primeira vista, concepções complexas  e fantásticas. Mas, na verdade, não são.  São muito simples e estão fundamentadas  nas descobertas da moderna física quântica.  Assim, eu gostaria de encoraja-lo(a)  a perceber que você é muito mais que seu limitado corpo, ego e personalidade. Em um nível mais profundo, o seu corpo é terno e a sua mente é atemporal. Uma vez que você se identifique com esta realidade, você tem liberdade ilimitada  para criar uma saúde melhor, bem estar, alegria ou qualquer outra coisa que você deseje em sua vida.
PAZ E BEM ! 

domingo, 1 de maio de 2011

RELAÇÃO HOMEM-TRABALHO

Certa vez, perguntaram a Sigmund Freud o que uma pessoa normal deveria ser capaz de fazer bem... Ele teria dito "Lieben und Arbeiten" (Amar e trabalhar). Freud acreditava que é por intermédio da família que as necessidades relacionadas ao amor são gratificadas, e que o trabalho tem um efeito tão mais poderoso do que qualquer outro vínculo de ancorar uma pessoa à realidade.
Então, sob essa égide, Feliz Primeiro de Maio, Dia do Trabalho, a todos!

sexta-feira, 29 de abril de 2011

DINHEIRO: Quem controla quem?

Por mais que tenhamos um impulso teimoso de responder “claro que não”, o mais provável é que a verdadeira resposta seja “sim”. Talvez você seja uma daquelas pessoas, típico brasileiro, que reza pelo mantra do “sou pobre mas sou feliz” e torce o nariz para idéias relacionadas à geração de renda como se o interesse pelo dinheiro fosse coisa de gente avarenta e mesquinha. Ou talvez você seja uma pessoa aberta a tudo o que diz respeito ao dinheiro, mas que mesmo assim não consegue manter a cabeça fora d’água. De um jeito ou de outro, o dinheiro provavelmente controla sua vida muito mais do que você imagina (ou deseja).
De uma forma básica, o dinheiro controla a vida de todo mundo, pois não é possível viver sem ele, quer você goste disso ou não. Sua opinião pouco influencia o preço dos produtos e serviços de que você precisa para sobreviver, não é verdade? É possível, entretanto, alcançar um patamar financeiro em que você pode se sentir mais livre do dinheiro, aproveitando mais a sua vida, sem o stress de ter que batalhar para pagar contas. A ironia é que para chegar lá você precisa ser uma pessoa interessada em dinheiro!
Não conheço uma pessoa que não tenha desejos de consumo, mesmo que seja uma viagem turística com a família, um jantar num restaurante famoso (e caro) ou simplesmente mais tranqüilidade financeira na vida (sim, isso é sonho de consumo!). A tendência natural do ser humano é desejar “coisas” para si e para seus entes queridos e essas coisas, sejam bens materiais ou serviços, custam dinheiro. É por esse motivo que o sistema socialista nunca funcionou (sem opressão) em nenhum lugar do mundo. A idéia fantasiosa de que todos devem dividir tudo e ninguém deve ter bens pessoais só funciona na teoria. Na prática, o ser humano é um bicho egoísta, invejoso e vaidoso (sim, você também!). Mesmo que você não deseje ser milionário, mesmo que você não pense em dinheiro o tempo todo, mesmo que você seja uma boa pessoa, caridosa, etc. que não coloca o dinheiro em primeiro lugar, você tem um capitalista dentro de você e o dinheiro ocupa, sim, uma certa posição (que pode não ser a primeira, mas ainda assim está lá!) dentro de você.
Isso não faz de você uma má pessoa. Dinheiro é o meio de troca que temos na vida para conseguirmos o que queremos e o que precisamos. O fato de que alguns exageram nos desejos e nos impulsos para conseguir dinheiro não faz de você um santinho que não precisa de dinheiro pra nada! No final das contas, se você não está onde gostaria de estar financeiramente, ou seja, se você não sente a segurança de que precisa, se você mantém uma atividade profissional que não manteria se dinheiro não fosse problema, se você faz escolhas difíceis ligadas ao dinheiro, não tem jeito, ele controla sua vida, sim, por mais que você desejasse que não.
A solução, como eu disse, é acabar com esse preconceito bobo (se for o seu caso) e passar a gostar mais de dinheiro. Percebo que muitas vezes o preconceito vem da cultura ou mesmo da própria infância e a pessoa nem sequer percebe. Muitos dos que dizem estar abertos ao dinheiro mantêm preconceitos inconscientes escondidos lá no fundo da mente inconsciente. Essas idéias, muitas vezes, são absorvidas desde a infância do próprio meio e no Brasil há uma postura generalizada de aversão, talvez não ao dinheiro em si, mas à idéia de “fazer dinheiro”, que é vista quase como uma coisa vergonhosa, suja. A forte influência religiosa no Brasil pesa muito culturalmente com noções generalizadas contra os ricos e uma idolatração tola da pobreza. “Rico é avarento”, “rico é infeliz”, “dinheiro não traz felicidade”, “sou pobre, mas sou feliz”, enfim, todas essas frases que permeiam a cultura brasileira e mesmo inconscientemente fazem parte do pensamento do brasileiro.
Com freqüência vejo meus leitores referirem-se ao dinheiro timidamente, como se desejar fazer muito dinheiro fosse algo extremamente vergonhoso. Vejo coisas do tipo: “Não quero ser rico, não, só quero melhorar um pouquinho de vida”, “Jamais iria para fora do país como você fez para perseguir metas profissionais, mas quero ter um pouquinho de tranqüilidade financeira” ou ainda “Só quero conseguir pagar minhas contas sem me preocupar, mas riqueza, não quero, não”. Há um senso generalizado de que desejar riqueza “é feio”, de que a pessoa que diz com todas as letras que deseja ser rico é daquelas que “só pensa em dinheiro” e provavelmente “deve ser” avarenta, mesquinha, egoísta e por aí vai. A pessoa, então, precisa deixar bem claro para todos ouvirem que “ela não quer ser rica não, tá?” ela “só quer um pouquinho mais de dinheiro… mas não muito, viu?”!
Algo que percebo, porém, é que aqueles que têm essa postura de ter vergonha do dinheiro, de dizer que “só quer” isso ou aquilo mas não quer muito geralmente não consegue nada! Isso tem a ver com a motivação (e isso a psicologia explica!), mas é tão complexo que será assunto para outro artigo! O fato é que aquele que pouco deseja não consegue nem esse pouco, simplesmente não consegue nada...
Então, se você quer ter o privilégio de dizer que não, o dinheiro não controla sua vida justamente porque você tem tanto que nem precisa se preocupar com ele, o caminho é adotar uma postura positiva com relação à geração de renda, não ter vergonha de dizer que quer ficar rico e não ter preconceitos contra quem já é. Por mais básico que seja esse pensamento, ele funciona. A partir daí é claro, cabe a você encontrar uma forma de geração de renda que lhe permita um gap maior entre o que você ganha e o que você gasta para que você possa se sentir seguro e dizer com firmeza que o dinheiro não controla sua vida, você é quem o controla.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Psicanálise dos Contos de Fadas - Chapeuzinho Vermelho ou a violência sexual infantil no mundo de hoje

A Infância e suas ânsias

"- Para que essas olhos tão grandes? - Pra te ver melhor...

- E essas orelhas tão grandes? - pra te escutar melhor, querida...

- E essa boca enorme? é pra te comer melhor, minha netinha...

E o Lobo a devorou..."

Charles Perrault compilou esta história do ideário de uma aldeia francesa no sec. XVII. Não existe um final feliz, nem um moral da história, talvez exista apenas um modo de proteger o universo infantil de um irremediável contato precoce com a própria sexualidade. A paixão pela fantasia sempre começa muito cedo. A psicanálise sente-se a vontade no terreno das narrativas, afinal, trocando em miúdos, uma vida é uma história, e o que contamos dela, é sempre algum tipo de ficção.

Os lobos continuam a solta, seja na pele de figuras parentais da tenra infância, seja na adolescência, ou mesmo na idade adulta do universo feminino, sob a forma traumática de abuso, assédio sexual, estupros, atentando violento ao pudor, não importa o crime, mas o impacto que dilacera. Chapeuzinho olha para o lobo, fixamente, entre intrigada e fascinada, hipnotizada. Há uma mútua sedução implicita. O que seduz a menina não é a beleza do lobo, são suas segundas intenções...

Um abismo separa um pedófilo da capacidade de compreensão da criança de quem ele se aproveita. Infelizmente, para as vítimas desse crime, é justamente essa inocência curiosa que seduz o abusador: o contraste entre a condição adulta de seu propósito e a infantilidade da vítima.

A moral da história, é tão breve quanto o conto infantil; não se deve ser desobediente e não se deve buscar nada com pessoas más... sabendo-se qual é o perigo e onde fica, o mundo se torna mais previsível e mais tranquilo... mas às vezes o perigo mora perto, em casa, no colégio,no play ground, na calçada...
Entre as tantas interpretações possíveis da história de Chapeuzinho Vermelho, pode-se pensar que ela seja alusiva ao potencial de sedução contido nas relações com os adultos. Sendo assim, é natural que estes, vividos até então, como protetores, revelem seu lado obscuro: alguém que segue sendo o mesmo, mas que mostra sua face selvagem. O LOBO é, em definitivo, essa versão do perigo doméstico, uma prova de que o papai bonzinho (ou o tio, irmão, parente ou amigo próximo), que deveria amar e proteger, pode tornar-se uma figura ameaçadora e temível.