sábado, 16 de outubro de 2010

Olá, meu nome é Myriam Queiroz.
Sou psicóloga clínica e psicanalista em formação.
Criei este blog para compartilhar com vocês  artigos,impressões, idéias, insights acerca de Psicologia e Psicanálise.

Um comentário:

  1. A CRISE DO MASCULINO

    Estudos psicanalíticos recentes mostram que a obrigação de se enquadrar na imagem de super-herói tem sido, na verdade, a grande fonte de angústia masculina. O fardo da onipotência vem sendo carregado pelos homens através dos séculos, mas, nos dias atuais, o assim chamado sexo forte já não pode mais ser considerado como tal. Especialistas na área do masculino, como, por exemplo, Cuschnir e Trobisch, opinam que o homem é, na verdade, mais frágil que a mulher tanto em relação à sua saúde física quanto psíquica. A cada dia surgem estudos alertando para a deterioração psíquica masculina, uma dor que pode ser traduzida em números. O sexo masculino lidera as estatísticas mundiais de suicídio, de mortes violentas, de envolvimento com álcool. Dados do Ministério da Saúde revelam que, dos 6.985 suicídios ocorridos no Brasil em 1998, 5.530 (ou seja: nada menos do que 4/5!) foram cometidos por homens. Além disso, eles vivem, em média, dez anos menos que as mulheres e também são mais acometidos por doenças cardiovasculares, crises de hipertensão, diabetes e obesidade.
    O homem mais frágil que a mulher?! Essa pode ser, sem dúvida, uma afirmação revolucionária para os homens, ou pelo menos para todos os que estão acostumados a viver segundo as leis do patriarcado, sem jamais questioná-las. O fato de não estar consciente de ser, na verdade, sob certas perspectivas, mais frágil que a mulher é possivelmente a fonte maior da angústia masculina. A conscientização da sua fragilidade, entre outras através da desconstrução dos seus mitos patriarcais, ajudaria o homem a encarar seus medos com maior naturalidade, baixando assim o nível da sua angústia.
    O momento histórico para essa conscientização mais do que necessária e a auto-reflexão do homem no tocante à sua própria identidade e o significado real do seu papel na sociedade foi criado indiretamente pelo movimento feminista da década de 70 do século passado. Esse movimento da emancipação feminina nas várias áreas da sociedade foi de suma importância para a libertação e para o resgate do valor da mulher, escravizada duramente ao longo da história por um patriarcado quase sempre violento, tanto em termos psicológicos como físicos. E, assim, no fluxo dessa libertação da mulher, o homem acabou sendo confrontado consigo mesmo, precisando repensar o seu próprio ser, as origens da sua angústia e os possíveis rumos a tomar daqui para a frente.

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